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Opinaria é um blog simples, directo e espero que útil para muitos. É um espaço de livre opinião. Onde todos podem deixar o ar da sua graça, a sua marca, escrevendo um pensamento, uma teoria ou uma simples opinião. Será sem dúvida um espaço de debate... um espaço para todos... verdadeiramente democrático. Contudo, para que assim seja, precisa de participação e muitos temas.

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Thursday, February 15, 2007

Os novos players mundiais*

Os países reconhecidos pela sigla BRIC representam actualmente cerca de 43% da população mundial . Tendo tido em 2005, em conjunto, um peso de aproximadamente 2/5 do produto mundial da totalidade das economias emergentes.

Na segunda metade do último século existiu um grupo de países que beneficiaram apoiando ou recebendo apoio para reconstrução no pós-guerras mundiais, organizando-se ao nível internacional, política e economicamente. Sucedeu com a civilização ocidental. Os mesmos que hoje se apercebem da emergência dos BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. Mas então, quais são os custos e os benefícios para a economia mundial, da entrada em cena dos novos players mundiais?

Em primeiro lugar, podemos observar a consecutiva contribuição destes países para o crescimento do PIB mundial. Hoje, as economias representadas pela sigla BRIC sustentam as elevadas taxas de crescimento mundiais. Tendo mesmo algumas, taxas de crescimento anuais nacionais com dois dígitos percentuais. São estes países que detêm um mercado de oportunidades com elevado potencial para a sociedade dita ocidental.

Em segundo lugar, estas economias têm entregue aos grandes banqueiros centrais uma ajuda no combate às taxas de inflação. A ajuda tem aparecido pela redução do preço dos produtos transaccionados na economia mundial e a baixa subida ou mesmo até estagnação dos salários reais nos países ricos. Esta redução nos preços tem sido conseguida com a passagem da produção de determinadas cadeias de valor da escala produtiva para as economias emergentes, baixando assim os custos por unidade produzida e consecutivamente os preços finais.

Por outro lado, a baixa inflação que durante algum tempo manteve as taxas de juro em níveis historicamente baixos, promoveu baixos custos no acesso ao crédito e por sua vez um excesso de liquidez nos mercados. Gerando um boom no mercado de habitação, que está neste momento a ajustar-se às últimas subidas nas taxas de juro.

Em terceiro lugar e segundo nos diz a teoria económica clássica, o comércio internacional gera ganhos para os países através da especialização nos produtos em que os mesmos detêm vantagens comparativas. As economias desenvolvidas tendem a especializar-se em produtos de capital intensivo e as emergentes em produtos de mão-de-obra menos qualificada. Sendo assim, a competição por importações mais baratas tenderá a gerar uma redução nos salários de trabalhadores menos qualificados nos países desenvolvidos.
A globalização veio também oferecer uma maior oferta de trabalhadores à economia mundial e, consequentemente, o offshoring – deslocalização das actividades produtivas, ou parte das mesmas – em busca de mão-de-obra mais barata.

São claros os benefícios da globalização, apesar dos necessários custos de ajustamento, no entanto, as economias que estão a emergir mantêm ainda elevadas taxas de pobreza. É necessário que se cumpra uma racional, equitativa e eficiente distribuição desses mesmos benefícios, ao mesmo ritmo que se desenvolve o comércio mundial.
Os novos players mundiais

Os países reconhecidos pela sigla BRIC representam actualmente cerca de 43% da população mundial *. Tendo tido em 2005, em conjunto, um peso de aproximadamente 2/5 do produto mundial da totalidade das economias emergentes.

À luz dos tempos, na era moderna, podemos dizer que vários estágios de globalização estiveram presentes. Primeiro apareceu a globalização dos continentes. Os Europeus partiram pelo mundo, em busca de novas terras. Conquistaram-se povos e culturas, espalharam-se religiões, comercializaram-se produtos e exploraram-se matérias-primas. Criaram-se as redes de comércio. O segundo estágio aparece com o desenvolvimento industrial e dos transportes. É a fase da globalização dos países. Os padrões de troca facilitam o comércio internacional e as fronteiras deixaram de ser físicas passando a ser políticas. Dá-se posteriormente a generalização da economia de mercado. O terceiro estágio nasce com a criação das redes e sistemas de informação mundiais, permitindo a comunicação no momento e a sistematização dos fluxos de trabalho, ultrapassando as fronteiras políticas.

Na segunda metade do último século existiu um grupo de países que beneficiaram apoiando ou recebendo apoio para reconstrução no pós-guerras mundiais, organizando-se ao nível internacional, política e economicamente. Sucedeu com a civilização ocidental. Os mesmos que hoje se apercebem da emergência dos BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. Mas então, quais são os custos e os benefícios para a economia mundial, da entrada em cena dos novos players mundiais?

Em primeiro lugar, podemos observar a consecutiva contribuição destes países para o crescimento do PIB mundial. Hoje, as economias representadas pela sigla BRIC sustentam as elevadas taxas de crescimento mundiais. Tendo mesmo algumas, taxas de crescimento anuais nacionais com dois dígitos percentuais. São estes países que detêm um mercado de oportunidades com elevado potencial para a sociedade dita ocidental.

Em segundo lugar, estas economias têm entregue aos grandes banqueiros centrais uma ajuda no combate às taxas de inflação. A ajuda tem aparecido pela redução do preço dos produtos transaccionados na economia mundial e a baixa subida ou mesmo até estagnação dos salários reais nos países ricos. Esta redução nos preços tem sido conseguida com a passagem da produção de determinadas cadeias de valor da escala produtiva para as economias emergentes, baixando assim os custos por unidade produzida e consecutivamente os preços finais.

Por outro lado, a baixa inflação que durante algum tempo manteve as taxas de juro em níveis historicamente baixos, promoveu baixos custos no acesso ao crédito e por sua vez um excesso de liquidez nos mercados. Gerando um boom no mercado de habitação, que está neste momento a ajustar-se às últimas subidas nas taxas de juro.

Em terceiro lugar e segundo nos diz a teoria económica clássica, o comércio internacional gera ganhos para os países através da especialização nos produtos em que os mesmos detêm vantagens comparativas. As economias desenvolvidas tendem a especializar-se em produtos de capital intensivo e as emergentes em produtos de mão-de-obra menos qualificada. Sendo assim, a competição por importações mais baratas tenderá a gerar uma redução nos salários de trabalhadores menos qualificados nos países desenvolvidos.
A globalização veio também oferecer uma maior oferta de trabalhadores à economia mundial e, consequentemente, o offshoring – deslocalização das actividades produtivas, ou parte das mesmas – em busca de mão-de-obra mais barata.

São claros os benefícios da globalização, apesar dos necessários custos de ajustamento, no entanto, as economias que estão a emergir mantêm ainda elevadas taxas de pobreza. É necessário que se cumpra uma racional, equitativa e eficiente distribuição desses mesmos benefícios, ao mesmo ritmo que se desenvolve o comércio mundial.

(*)Publicado no Jornal OJE, edição de 10/02/2007

Monday, October 23, 2006

A banda governamental

Na passada semana vários eventos marcaram a agenda politico-económica do governo português. Para que tudo corresse pelo melhor o governo optou por uma grande estratégia de comunicação. Tudo estava perfeitamente planeado até, sem o plano prever, os ministros escorregarem na tentação da respostas inflacionadas aos jornalistas e a banda do governo desafinar.

A banda começou a tocar na semana anterior. Por todos os jornais foi-se fazendo notar a campanha governamental da gestão de expectativas. Apareceram as noticias anunciando a suposta retoma da economia. (para perceber mais em pormenor – ver o artigo da semana passada – pompa sem circunstância).
Na segunda-feira 16, com um elevado apelo à tecnologia e mostrando que os membros do governo português também são gadjet boys, foi apresentada a proposta de orçamento de estado para 2007. Até Dezembro deste ano, aquando da sua votação, muito se dirá sobre aquele que é o reflexo, por excelência, da gestão financeira do dinheiro dos contribuintes. (Sobre o qual, após uma análise mais profunda, num próximo artigo apresentarei a minha visão).
A partir do momento da apresentação oficial começou a canibal vontade das televisões e jornais apresentarem comentadores, formatando à partida a nossa opinião sobre o orçamento. Quando todos os jornais apresentavam expessos suplementos sobre o orçamento e as televisões emitiam reportagens especiais o governo adicionou discretamente mais um ingrediente: portagens nas SCUT. Mais um dia e foi a vez da entidade para regulação do sector eléctrico (ERSE) anunciar um aumento dos preços sobre a eletricidade.

Sobre os anúncios foram apresentados s fundamentos. O timing foi politicamente perfeito. Sobre a justiça da utilização da agenda mediática em prol da governação com menos custos de informação ao cidadão, deixo a opinião ao critério de cada um.
Para que tudo corresse bem neste processo só não se esperavam as escorregadelas!
Tudo começou o discurso no dia 13 de Outubro: «a crise acabou» e vive-se um «ponto de viragem» na economia, porque já não se fala «em recessão e em investimento zero», disse Manuel Pinho.
Depois da notícia da ERSE é a vez do o comentário do secretário de estado da economia afirmando que a: «Culpa do aumento da electricidade é dos consumidores». Para melhorar ainda acrescentou no dia seguinte: «todos nós temos dias que nos correm bem e dias que nos correm mal», tentando justificar a forma como tinha falado aos portugueses.
O ministro da economia, para além de vir desautorizar a segunda autoridade reguladora em menos de um ano, tentou ainda justificar as derrapagens do seu ministério nas semanas anteriores com uma entrevista ao jornal Sol, este fim-de-semana (ver www.sol.pt).
Após esta derrapagem de comunicação, percebeu-se quem são, neste momento, os músicos que estão a desafinar a banda governamental.

Saturday, October 14, 2006

Pompa sem circunstância

Desde a última quarta-feira muita coisa mudou em Portugal!

À primeira vista parece que mudou para melhor, mas é pura ilusão.
A manchete do Diário Económico de quarta-feira fala-nos de uma clara inversão do ciclo económico: “ Portugal cresce acima da zona euro em 2007”

À primeira vista saltam duas ideias:

(A.) Em primeiro lugar: como é possível, de repente, dar-se um salto no crescimento quando todas as perspectivas credíveis internacionais apontam para um crescimento da economia nacional muito fraco. Nomeadamente a OCDE produziu muito recentemente um estudo que falava num crescimento português abaixo da média europeia até 2010!

Esta notícia foi ainda anexada de uma inocente noticia no dia seguinte, dizendo: “Teixeira dos Santos no estrangeiro, diz que só ele pode falar sobre os números da economia portuguesa” antecipado assim o que se irá passar quando na próxima segunda-feira começar a discussão em torno do orçamento de estado de 2007.
Ora, como podemos então afirmar se um país está a crescer, decrescer ou estagnado economicamente? Em Economia, apesar de não ser perfeita, usa-se consensualmente a variável Produto Interno Bruto (PIB) como medida agregada da evolução económica.
E o que faz crescer essa variável? O que nos faz ver se o país está melhor?
Decompondo o PIB podemos intuitivamente retirar 5 factores que o farão crescer: o crescimento das exportações liquidas, a despesa pública, consumo privado contido, aumento do investimento e a conjuntura internacional.
Afirmar então que a retoma está ao nível das taxas de crescimento da média europeia a partir de 2007 não me parece prudente. Como aliás nos diz o FMI que prevê(1,2% e 2%) para crescimento do PIB português e da zona euro, respectivamente.
Dos cinco factores o único que está a evoluir mais favoravelmente é a conjuntura internacional, o que fará também crescer as exportações portuguesas.E estas crescerão maioritariamente pelo facto de o mercado internacional estar mais receptivo aos nossos produtos e não porque tenhamos produtos e empresas mais competitivas. Para além da própria conjuntura internacional estar a dar sinais de abrandamento no segundo semestre de 2006.
Quanto à variação do investimento público será contida por razões de contenção orçamentais. O investimento privado (nacional e externo) apesar dos anúncios governamentais escasseia na concretização e ao mesmo tempo confirma também valores abaixo dos que seriam desejáveis.Ou alguem anda a ler mal os numeros ou então, o governo tem acessores a gerir muito bem as expectativas futuras dos agentes através da comunicação social.

(.B)Um segundo aspecto, ainda mais estranho, como é que o jornal que (até à última terça-feira eu julgava o mais credível jornaleco de índole económica em Portugal) aparece com uma noticia destas. Mais: quais as bases da própria notícia? E qual a coerência do seu director? Repito: até à última terça-feira era um dos poucos editores de jornais indubitavelmente coerente nas análises, e imparcial nas notícias que publicava

Somos um país onde a imparcialidade na notícia é muito escassa – mas existindo até agora alguns exemplos onde os mais novos ainda se mostravam imparciais quer pela força dos valores recentemente inculcados, quer pela observação do estado do país, percepção das causas do mesmo e empenhamento na sua reconversão. No entanto, é triste, quando nos apercebemos que a tendência das primeiras gerações promissoras dos tempos recentes esbarram na teia do poder como assim fizeram as que para isso ainda tinha a desculpa de um passado com valores escassos ou algo tumultuosos.

P.S.- Uma última reflexão: Crescer acima da média significa crescer mais que os outros para tentar recuperar o atraso no desenvolvimento estrutural. O que só mostra que estamos a muitos passos de apanhar o comboio da Europa. Crescer acima da média europeia não é novidade mas sim uma obrigação na feroz competição internacional!

Friday, October 06, 2006

Economia apresenta-se!

Para que possamos opinar com justiça são necessários realizar previamente 3 passos simples: observar, questionar e seguidamente fundamentar.
Seguindo este método nesta que é a minha primeira opinadela, e dado o tema que me foi proposto ser a Economia, refrescarei a memória de alguns e esclarecerei outros mais distraídos sobre o que trata esta ciência. Dado o enquadramento histórico mundial, esta é uma ciência recente, embora a necessidade de troca, os conceitos de valor, incentivo e gestão desde sempre tenham existido. A palavra economia vem da palavra grécia e significava “a pessoa que geria a familia”.
Façamos então uma incursão aos manuais. A Economia – enquanto ciência - surge pelo facto de, por um lado, os recursos serem escassos e por outro, as necessidades humanas serem ilimitadas. Daqui brota a necessidade de gerir da melhor forma possível as decisões e as tendências dos agentes económicos.
Todos nós no nosso dia-a-dia pensamos como economistas, tomando pequenas decisões, como por exemplo: Onde iremos aplicar o excedente do nosso orçamento familiar (recurso escasso). Compramos umas férias paradisíacas? Ou um novo telemóvel? Ou ainda melhor, deixamos tudo no banco para acumular algumas poupanças familiares? Tentamos sempre tomar a melhor decisão para toda a família.
A Economia estuda modelos que ajudam a entender estas decisões e a melhorar a forma como as tomamos. A Economia, não é, como muitas vezes é interpretada, de uma forma redutora, um meio de enriquecer. Mas é sim uma forma de interpetar comportamentos com o objectivo de gerir melhor, com maior equidade e promovendo uma evolução mais saudável e promissora.
Durante as próximas semanas tentarei trazer aos caríssimos leitores algumas contribuições para juntos observarmos como é fascinante e ao mesmo tempo envolvente, a Economia em pleno funcionamento. Para terminar, com orgulho, nesta que é a primeira participação no Opinaria, tenho de agradecer o convite ao meu grande amigo e incentivador deste blog: BTP.
Espero que este seja um blog que mostre verdadeiramente a opinião de todos e que seja, ao mesmo tempo, um incentivo para que a nossa geração mostre que observa, questiona, fundamenta e expressa a sua opinião. Fernando A. Soares